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Uma Copa e Nada Mais: Joe Gaetjens (Brasil-1950)

Passamos doze anos de história negra na humanidade. Doze anos em que o futebol foi literalmente jogado para escanteio. Foi a época da Segunda Guerra Mundial.

Os alemães preferem esquecer essa catástrofe. Afinal de contas, o mundo só se virava para a Europa, para o Terceiro Reich, e o futebol foi abandonado. Olimpíadas também.

Não havia condições de haver esporte naquela época. Somente após a Segunda (e todo mundo espera que seja a Última) Guerra Mundial, o mundo voltava ao normal. Uma das peças de maior força social era o esporte. E nada como uma Copa do Mundo para recuperar a auto-estima do povo.

Escolheram o Brasil, no ano de 1950. A Europa estava destruída, não havia condições de se jogar uma Copa. Inicialmente, a Copa seria na Argentina, mas por problemas financeiros, ela foi repassada ao Brasil, e é aí, que começa a história com nosso protagonista: Joe Gaetjens, da seleção dos Estados Unidos:

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Este rapaz nasceu no ano de 1924, na cidade de Porto Príncipe (sim, ele não nasceu nos EUA; Ele nasceu no Haiti) e era filho de uma mãe haitiana com um pai belga.

Na década de 40, ainda com Nova York se recuperando do crack que Dow Jones sofrera no final dos anos 20, Joe decidiu ir para lá, graças a um programa do governo norte-americano, em acordo com o governo local, que visava incentivar jovens aos estudos. Complementou seus estudos na Columbia University, onde também fazia a função de lavador de pratos.

Gaetjens nunca foi um jogador a ponto de aparecer constantemente na lista para a seleção norte-americana. Realmente apareceu quando ajudou uma equipe de Nova York, o Brookhattan a conquistar o título da ASL, a American Soccer League, e a Open Cup na temporada 1944/45. Foi convocado a pedido do treinador norte-americano, o escocês Bill Jeffrey.

Vamos para a Copa do Mundo em si, após as Eliminatórias serem bem tensas, pois havia o risco dos EUA ficarem de fora (só tiveram a vaga garantida, com a vitória do México sobre Cuba, por 3 a 0), o time Yankee se preparava para a estréia frente aos espanhóis.

Após 90 minutos de muita bola rolando no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, os espanhóis se deram melhor: 3 a 1, de virada. O gol dos norte-americanos foi marcado por John Souza, mas em um dia inspirado de Estanislao Basora, que fez dois gols, a Espanha saia na frente na disputa por uma vaga na fase final da Copa.

Quatro dias depois, no dia 29 de junho, todos, mas todos mesmo, esperavam um massacre inglês sobre o cast Yankee. E também não havia como não pensar em um resultado diferente. Os ingleses enfrentariam os norte-americanos com uma soberba daqueles que diziam que o decisão seria contra a Espanha, na última rodada, no Maracanã. Ledo engano.

Começa o jogo, os ingleses apertam os norte-americanos, fuzilam os rivais, acertando duas bolas na trave. Mas ainda assim, nada de gol. Mas foi somente aos 38 minutos de puro domínio inglês que Gaetjens se aproveita uma das principais qualidades do time inglês: O jogo aéreo. Pronto. Um a zero para os Estados Unidos. Ninguém esperava esse resultado no Estádio Independência, em Belo Horizonte.

Todo mundo estava vendo um pedaço da história da Copa do Mundo sendo feita. No segundo tempo, os ingleses tentam atacar…mas não conseguiam empatar o jogo; Era notável a garra e determinação dos norte-americanos.

Fim de jogo: Estados Unidos 1 x 0 Inglaterra. Gol marcado por um filho de mãe haitiana com pai belga, que foi para os Estados Unidos, que depois da Copa do Mundo atuou na França…Joe Gaetjens era o nome dele. Após o jogo, ele foi carregado pelo público mineiro que presenciou aquela que é até hoje, uma das principais surpresas da história das Copas.

Não importava agora o resultado de Chile e Estados Unidos; se os chilenos fizeram 5 a 2, e acabaram com a chance dos americanos se tornarem em líderes do grupo e assim irem para a fase final. Não importava o resto; Se O Brasil chorou pelo Maracanazo…Isso não importava para os norte-americanos. Só importava aquele instante de glória, aonde a colônia vencia o colonizador. Foi uma vitória não apenas no campo, mas moral também.

Joe Gaetjens foi o atacante de um só jogo, pela seleção. Mas foi justamente dele o gol que criou a maior zebra da história das Copas.

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