2 Comentários

Uma Copa e Nada Mais: Gyula Zsengellér (França-1938)

Seguindo com a série de textos “Uma Copa e nada mais”, chegamos ao ano de 1938. Ano emblemático por conta do avanço alemão á Áustria, para o que se seria chamado de Terceiro Reich, além de que os primeiros ministros de Inglaterra e França, além de Mussolini e Hitler assinarem o que seria chamado de Acordo de Munique, desrespeitado pelo alemão no ano seguinte. No Brasil, O rádio era inaugurado com A Voz do Brasil e Lampião e Maria Bonita morriam degolados em confronto com a polícia, no interior de Sergipe.

Enquanto isso, na França começara a III Copa do Mundo. Descumprindo de certa forma um acordo que estava estabelecido, Jules Rimet decide que a Copa seria em solo francês. E na realidade, foi a 1ªvez que o Brasil se preparou para a disputa e daí, Leônidas foi artilheiro. Mas não é dele que vamos falar: O tema do texto é o jogador Gyula Zsengellér, da Hungria.

gyula

Gyula Zsengellér se tornou uma espécie de primeiro artilheiro da história da Hungria. Se Puskas se tornou um dis maiores atacantes da história, muito foi inspirado em Zsengellér (ou Ábel, como a mídia européia simplificara seu nome). Ele sempre foi artilheiro onde passou e até hoje, marca história no futebol mundial, como um dos 10 jogadores mais goleadores da história em partidas de denominada 1ªdivisão.

É o 6º, com 416 gols e o 9º que fez mais gols em uma temporada em torneios de 1ªDivisão, na temporada seguinte a Copa (1938/39), quando chegou ao número de 56 gols em 26 jogos (média de 2,15 gols/jogo), pelo Újpest, na temporada em que foi campeão do Campeonato Húngaro e da Copa Mitropa (embrião do que se tornaria a UEFA Champions League).

Antes ele já havia chegado ao status de ídolo do time, e o atacante de 1,77m já era apontado como esperança de gols da Hungria no Mundial.

A estréia, no estádio Vélodrome, em Reims, foi fácil: 6 a 0 em cima da seleção das Ilhas Orientais Holandesas (atualmente chamada de Indonésia). Gyula fez dois gols, e ao final das oitavas, só estava atrás de Leônidas que fez três na “Batalha de Strasbourg”, quando o Brasil venceu a Polônia por incríveis 6 a 5.

Nas quartas de final, um confronto contra a Suiça, que havia eliminado a Alemanha (que obrigou os jogadores da Áustria a representarem a NationalElf). Neste confronto, disputado no Estádio Victor Boucquey, em Lille, Gyula e György Sárosi (o maior jogador húngaro antes de Puskas, que atuava no rival Ferencváros) fizeram os gols que classificavam a Hungria para a semifinal.

Nas semis, de um lado a Hungria de Gyula e Sárosi enfrentaria a Suécia, que vinha de um caminho muito fácil até a semifinal: Venceu por W/O a Áustria (o motivo do W/O está explicado mais acima) e tratou de tirar a zebra da Copa: A seleção de Cuba, que havia passado pela Romênia nas oitavas, por 8 a 0.

No outro confronto, o que todos falavam que era a final antecipada: O Brasil que vinha de duas vitórias difíceis, frente a Polônia e a Tchecoslováquia, atual vice-campeã do mundo, em um jogo desempate enfrentaria agora a Itália, atual campeã mundial, mas que penou para passar pelo gélidos noruegueses (2 a 1), e pela euforia das torcida local (3 a 1), para chegar as semis.

Enquanto a Itália suava para tirar o Brasil (sem Leônidas, poupado), por um simples 2 a 1, no Parc des Princes, a Hungria passeava pela Suécia: 5 a 1, de virada, com dois gols de Gyula Zsengellér. E a Hungria teria a chance que os tchecos não aproveitaram quatro anos atrás, e melhor: Em campo neutro, ao contrário do que foi em 1934, quando a final foi realizada em Roma.

Estádio Olympique des Colombes (especialmente ajustado para os jogos da França naquela Copa) estava lotado. Era a grande decisão. O jogo começa, e os italianos mostram sua superioridade: Colaussi faz 1 a 0 aos 6 minutos. A Hungria devolve com Tiktos, aos 8 minutos (Gyula não aparecia com tanto destaque no ataque). A Itália faz 2 a 1 com Silvio Piola. Colaussi faz 0 3º, e a Itália estava quase com as duas mãos na Jules Rimet…Quase. Sárosi fez 3 a 2 aos 25 minutos do 2ºtempo, mas o golpe de misericórdia foi dado por Piola, doze minutos mais tarde.

Fim de jogo: Itália 4 x 2 Hungria
A Itália se tornava bi-campeã mundial, para a alegria de Benito Mussolini, pois mostrava que seu regime ditatorial era correto…ledo engano. O tempo comprovou.

E Gyula? Ele foi vice-artilheiro da Copa, ficou um gol atrás de Leônidas. Gyula e Sárosi são exaltados como uma das maiores duplas de ataque da história do futebol húngaro, mas isso, infelizmente era muito pouco, frente a Squadra de Pozzo.

2 comentários em “Uma Copa e Nada Mais: Gyula Zsengellér (França-1938)

  1. Belissimo texto, muito bem escrito sou um fã confesso do futebol hungaro, logico o de antigamente e não esse do atual momento, meus parabéns.

Deixe um comentário