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Concordo e Discordo: A entrevista do Felipão para a Folha

Felipão falou coisas boas e ruins na entrevista para a Folha de São Paulo (Foto: Mowa Press)

Felipão falou coisas boas e ruins na entrevista para a Folha de São Paulo (Foto: Mowa Press)

Acabei de ler a entrevista do treinador Luis Felipe Scolari para o jornal Folha de São Paulo nesta última segunda-feira (22/04), por coincidência o dia do descobrimento do Brasil.

Talvez porque a ideia da entrevista era mostrar o (re) ‘descobrimento’ do futebol brasileiro, o que foi, convenhamos, uma boa sacada por parte do pessoal da Folha. Mas vamos para a entrevista em si.

Vamos começar com o assunto formação do time. Tenho que ser sincero: Felipão ainda não achou um formato de esquema tático que lhe favoreça na Seleção. Talvez pelo motivo que não vê uma boa safra de volantes ‘pegadores’, coisa que ele sempre gostou, e que como ele bem disse, é necessário com laterais que avançam bastante. Somente Sandro (execrado pela mídia e quebrado no Tottenham) e Ralf chegam a esse patamar. Os outros candidatos a volante tem saída de bola, avançam, mas nem sempre conseguem quebrar o galho na defesa.  E aí a zaga fica desguarnecida.

Indo pra defesa. Ali ele achou uma dupla de zaga interessante, com algumas variações, com o Júlio César voltando a um bom momento e uma dupla de zaga que precisa de ajustes (principalmente do David Luiz, que já vê a sombra de Dante e Dedé)

Em um dos questionamentos, ele foi perguntado sobre a ausência de jogadores ofensivos com destaque na Europa. Felipão acertou no que era óbvio: O Brasil não tem bons atacantes na Europa. Essa é uma realidade, é só olhar os destaques nas principais ligas da Europa:

– Goleiro: Diego Alves e Júlio César (mesmo com o QPR sendo uma draga);
– Zagueiros: Thiago Silva, Dante, David Luiz, Felipe Santana (tá jogando muito no BVB);
– Laterais: Marcelo, Dani Alves (mesmo ele sendo uma micareta na Seleção)
– Volantes: Ramires (volante de origem, mas quebra-galho no Chelsea)
– Meias: Oscar
– Atacantes: Lucas (ele nunca foi meia), Jonas (vai voar pedra em cima de mim, mas juntamente com o espanhol Soldado, é quem carrega o Valencia pra mais uma Champions League)

Você notou o número de  jogadores de armação e finalização nessa lista? Três, sendo um que é xingado por ‘meio-Brasil’

Saindo da afirmação lógica de que ‘não temos meias e atacantes na Europa’, Felipão também afirmou em relação aos favoritos para a Copa de 2014.

Suponho que esta entrevista tenha sido realizada ANTES do confronto entre França x Espanha, válido pelas Eliminatórias, aonde a Espanha PRECISAVA DO RESULTADO (PS: Conseguiu, venceu por 1 a 0, jogando em Saint Dens) e se perdesse, praticamente iria para a Repescagem. Por isso, essa tenha sido a resposta do Felipão. E também concordo que a Espanha não chega com aquele favoritismo gigantesco e nababesco como foi em 2010. Eu me atenho a dados e também a atuações.

A Espanha, ao meu ver, é um Barcelona sem Messi. (Sim, vai chover pedra de novo)
Em toda a Eurocopa, a Espanha teve sim a posse de bola, mas nunca conseguiu se impôr realmente com finalizações (somente foi assim em dois jogos: Contra a fraca Irlanda e na decisão contra a Itália). Isso é uma coisa que odeio no Barcelona e odeio mais ainda na Espanha (novamente por não ter o Messi): A teimosia de não chutar de fora da área. E estamos falando de uma equipe que tem bons finalizadores de média distância, como Xabi Alonso, Xavi Hernández, Iniesta… Não estamos falando da Jordânia, que não chuta porque não consegue armar, mas da ESPANHA, CAMPEÃ DO MUNDO E BI-CAMPEÃ EUROPÉIA e que joga um futebol fora da realidade atual.

Outro motivo que ninguém se ligou é a idade. Xavi não é nenhum moleque, Iniesta também não, Xabi Alonso muito menos. Será a última Copa dessa equipe. Puyol, Casillas, entre tantos já passaram dos 30. Não precisa ir muito longe pra ver que, uma equipe experiente, nem sempre é campeã. França e Itália em 2010 são exemplos claros.

E vocês podem notar: As três seleções que Felipão citou tiveram um forte processo de renovação. Isso pesa em um trabalho de quatro anos.

Agora, vamos a um assunto que todo mundo pega no pé: Neymar. Eu sou um dos caras que concorda que ele é cobrado demasiadamente (mais pedras, por favor), e o motivo que vô botar embaixo é simples.

NUNCA UMA SELEÇÃO BRASILEIRA TEVE COMO DESTAQUE UM JOGADOR COM MENOS DE 23 ANOS.
Aí vem a pergunta: E Pelé e Ronaldo? Te respondo com duas coisas:
1. São pontos fora do traçado. Jogadores literalmente acima da média.
2. Pelé não era o principal jogador do time de 1958; Os destaques eram Didi e Zagallo, e Ronaldo tinha a seu lado jogadores como Bebeto e Rivaldo em 1998.

Felipão só errou em uma coisa: A que ele não precisa sair do futebol brasileiro, se bem que exageraram na interpretação, pois Felipão afirmou na sequência:

“Se ele quiser ir, vai ser ótimo. Para a seleção seria bom. Mas ele não precisa ir.”

Eu entendo isso como outra declaração ‘bate-e-assopra’ do Felipão. Do tipo ‘Você pode ficar no Brasil, mas acredito eu, que possa ganhar maturidade no futebol europeu. Enfim, a escolha a sua’. Basicamente, Felipão tirou o dele da reta.

Existem pontos conflitantes na entrevista, mas eu que sou adepto do futebol QUE GANHA JOGO sem ser retranqueiro, não apenas o que joga bonito – talvez por isso, nunca tenha gostado do México por exemplo, que ‘joga como nunca, mas que perde como sempre’ – tenha, de certa maneira, gostado dessa entrevista.

Ah e sobre o Marín? Bem, nunca gostei dele (como bem nunca gostei do Teixeira), mas Felipão é quem comanda essa seleção e segundo ele, ‘deixa à vontade para convocar, para administrar’.

Jogue pro seu trabalho e se pergunte: Você criticaria seu próprio chefe? E se assim fizesse, o que aconteceria?
Felipão agiu como quase todo mundo faria.

Se o Marín é ladrão, não é da alçada dele, que é funcionário da CBF (leia-se subordinado do Marín). Ninguém é tolo de criticar o próprio chefe, não é verdade?

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